O mistério que envolve o preciosíssimo Sangue de Jesus é muitíssimo profundo e, embora seja objeto de grande estudo, jamais conseguiremos compreender por completo a sua importância.

Porém, ainda assim, podemos mergulhar em seu significado espiritual diante das diversas realidades do ser humano. E todo aquele que adentra neste mistério, ainda que sem compreender totalmente, tem a vida transformada pelo preciosíssimo sangue de Jesus.

Por isso, nesse texto vamos explorar a rica devoção ao Preciosíssimo Sangue, compreendendo sua origem e seu significado teológico. Continue lendo!

A origem da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus

A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus nos coloca no momento singular na cruz quando um soldado, com uma lança, perfurou o lado de Cristo e imediatamente saiu sangue e água (Jo 19,33-34).

Este gesto, cheio de significado, deu início a uma prática de fé que se fortaleceu ao longo dos séculos.

Assim, desde os primórdios da Igreja, os fiéis reconheceram o valor redentor do Sangue de Cristo. No entanto, foi São Gaspar de Búfalo quem, no século XIX, propagou ardorosamente essa devoção. 

Conhecido como o “Apóstolo do Preciosíssimo Sangue de Jesus”, São Gaspar dedicou sua vida a promover essa espiritualidade.

A festa do Preciosíssimo Sangue de Jesus

A história conta que, durante a Primeira Guerra Italiana pela Independência, em 1849, o Papa Pio IX se viu forçado a buscar refúgio em Gaeta. Acompanhando-o estava Don Giovanni Merlini, o terceiro superior geral dos Padres do Preciosíssimo Sangue.

Ainda durante a guerra, Don Merlini sugeriu ao Papa Pio IX que instituísse uma festa universal em honra ao Preciosíssimo Sangue. Tinha o intuito de pedir a ajuda divina para alcançar a paz em Roma. O Papa acatou a sugestão e, pouco tempo depois, a guerra chegou ao fim. Mais tarde, determinou que o dia 1º de julho seria a data fixa da celebração ao Preciosíssimo Sangue.

Após o Concílio Vaticano II, a festa foi removida do calendário litúrgico. Mas uma Missa votiva em honra do Preciosíssimo Sangue foi instituída, preservando assim a devoção entre os fiéis até os dias atuais.

O Preciosíssimo Sangue de Jesus é para nós libertação

Por causa do pecado original, toda a humanidade se tornou escrava. Pois as consequências da transgressão atingiram principalmente a nossa liberdade. Assim, para sermos livres novamente, foi preciso pagar um alto preço.

Pois bem, este preço foi pago pelo derramamento do sangue de Cristo. Pois este preciosíssimo sangue não se tratava de um qualquer, mas do sangue de valor imensurável capaz de resgatar toda a humanidade.

Com o Seu Sangue, Cristo nos resgatou, fez de nós novamente um povo Seu:

“Cantavam um cântico novo, dizendo: ‘Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça’.” (Ap 5,9).

Assim, o Sangue do Senhor nos libertou do pecado, da morte eterna e da escravidão do demônio.

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O valor do Preciosíssimo Sangue de Jesus

Muitos até entendem que o sangue de Cristo é valoroso, afinal de contas, é o sangue do filho de Deus que também é Deus. Mas nem todos já refletiram que somente este sangue poderia “comprar de volta” a humanidade que estava vendida ao pecado.

Assim, era preciso o sacrifício de um homem, mas de valor infinito. Portanto, só Deus poderia oferecer este sacrifício; então, Cristo dignou-se a assumir a nossa natureza humana para oferecer a Deus um sacrifício de valor infinito.

O Catecismo da Igreja nos diz que “nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos os homens e de oferecer-se em sacrifício por todos” (cf.: CIC n° 616). 

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O Preciosíssimo Sangue de Jesus tem valor infinito de reconciliação e redenção.

Por Seu Sangue, Cristo nos reconciliou com Deus como podemos ver afirmado nas Sagradas Escrituras:

“Por seu intermédio, reconciliou consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus” (Cl 1,20).

Assim, se podemos hoje buscar a intimidade com Deus por meio da oração, dos sacramentos, da penitência e tantas outras práticas piedosas não é por mérito nosso, mas pelo sangue de Cristo que nos redimiu e reconciliou com Deus.

“Nesse Filho, pelo seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1,7).

O Preciosíssimo Sangue de Jesus e a Eucaristia

Durante cada celebração eucarística, a Igreja Católica renova e torna presente o sacrifício de Cristo. E, como afirma o Catecismo da Igreja Católica, n° 1324, “a Eucaristia é ‘fonte e cume de toda a vida cristã’”.

Estima-se que aproximadamente, a cada segundo, essa oferta santíssima é elevada ao céu através das missas realizadas em todo o mundo.

Assim, o sangue de Cristo simboliza Sua vida, tanto humana quanto divina, possuindo um valor infinito. Este sangue foi oferecido à Justiça Divina como expiação pelos pecados de todos os homens, de todas as épocas e lugares.

Como o próprio Jesus disse nas Escrituras: “Isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens para a remissão dos pecados” (Mt 26,28).

Portanto, aqui podemos compreender a grandiosidade infinita da Santa Missa. Pois é por meio dela que temos sobre o altar sacrificial o sangue de Cristo!

“Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,55-56).